Ex-ministro do STF compara Zambelli com Pizzolato: 'não é intocável'
Ex-ministro do STF lembra que Justiça italiana já autorizou extradição de brasileiro com dupla cidadania
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Siga noA tentativa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) de escapar da Justiça brasileira usando sua cidadania italiana foi criticada pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello. Em declaração ao Brasil 247, ele afirmou que o discurso da parlamentar de que seria “intocável” por ter dupla cidadania é incompatível com decisões anteriores da Justiça italiana.
“A declaração de Carla Zambelli, de que ela ‘é intocável’ na Itália porque também tem nacionalidade italiana, é contrariada por precedente da Corte de Cassação e do Conselho de Estado da Itália”, disse o ministro aposentado.
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Zambelli foi condenada pelo STF a dez anos e seis meses de prisão por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsificação de documentos públicos. Depois da condenação, deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos, alegando a necessidade de cuidar da saúde mental, e afirmou à CNN que pretende fixar residência na Itália.
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“Como cidadã italiana, eu sou intocável na Itália. Não há o que [o ministro] Alexandre de Moraes possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã”, declarou a deputada em entrevista nessa terça-feira (3). A fala foi rebatida por Celso de Mello com base no caso do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, também cidadão italiano. Em 2015, Pizzolato foi extraditado da Itália após ser condenado no escândalo do mensalão. Ele havia fugido do Brasil em 2013 e foi preso na Itália no ano seguinte.
A Justiça italiana, à época, entendeu que, apesar da cidadania, Pizzolato não tinha vínculos efetivos com o país europeu — como residência, estudo ou trabalho — e autorizou sua extradição para o Brasil, onde ele cumpriu parte da pena.
Nesta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF a prisão preventiva de Zambelli. O pedido tramita sob sigilo.
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