x
ENTREVISTA

Secretário de Damião defende plano de governo e mudanças pontuais na PBH

Braço direito do novo prefeito, Guilherme Daltro foi nomeado secretário de Governo e elencou suas prioridades em entrevista ao Estado de Minas

Publicidade
Carregando...

Ao tomar posse oficialmente como prefeito de Belo Horizonte nesta quinta-feira (3/4), Álvaro Damião (União Brasil) terá feito apenas uma alteração no alto secretariado do Executivo. Com a morte de Fuad Noman (PSD), o ex-vereador e radialista terá pela frente todo o mandato conquistado no ano ado e, para auxiliá-lo na função, escalou seu “braço direito”, Guilherme Daltro, para a Secretaria de Governo. 

Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, Daltro falou sobre as expectativas para a nova versão da prefeitura que se inicia nesta semana. O economista, que agora é responsável pelas articulações políticas do Executivo Municipal com outros poderes e instâncias da federação, é aliado de longa data de Álvaro Damião e já compunha seu time na PBH no gabinete do vice-prefeito. 

As origens da parceria remontam ao período em que Daltro trabalhou como secretário do então deputado federal e radialista Laudívio Carvalho. Antes de chegar ao Executivo, o braço-direito do prefeito em exercício atuou ao seu lado na Câmara Municipal, onde também recebeu o título de cidadão honorário da capital mineira.



EXPECTATIVAS PARA O CARGO

Ao falar sobre suas expectativas no exercício do cargo, Daltro ressaltou o perfil conciliador de Damião durante seus dois mandatos na Câmara Municipal e a pretensão de seguir nessa linha no contato com a Câmara Municipal. O secretário de Governo recorda a manutenção de um veto à mudança no orçamento da PBH obtido no Legislativo nos primeiros meses deste ano para defender que o diálogo entre os poderes já está avançado.

“As expectativas são as melhores possíveis, até pela experiência que a gente tem no Legislativo, na relação que a gente construiu – e, quando eu digo "a gente", refiro-me não só a mim, mas também ao Álvaro –, a maior parte dos vereadores mantém um contato muito positivo conosco. Mesmo os vereadores que, porventura, tenham divergido da gente na eleição da presidência, têm um relacionamento respeitoso. Tanto é que, nesses três meses em que fiquei como interino, trabalhamos na construção de uma base parlamentar, o que resultou na manutenção dos vetos, por exemplo.

Foi uma votação extremamente relevante para a prefeitura. Como se tratava de algo que teria desdobramentos orçamentários, teríamos que entrar com uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade), o que também teria repercussões jurídicas. Felizmente, conseguimos vencer essa votação com um placar bastante favorável”, afirmou.



Daltro ainda afastou a possibilidade de manutenção do clima de animosidade que marcou a eleição à presidência da Câmara Municipal, em 1º de janeiro. Na ocasião, Juliano Lopes (Podemos), apoiado pelo secretário de Governo de Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro (PP), venceu o candidato governista Bruno Miranda (PDT). Após a vitória, membros do grupo vencedor elencaram críticas duras em produção a Álvaro Damião.

“Portanto, as expectativas são muito positivas. Temos a humildade de reconhecer que estamos assumindo agora uma gestão no Executivo – tanto eu quanto o Álvaro. No Legislativo, sempre procuramos atuar com muita conversa e diálogo. Embora, na presidência, tenha parecido que partimos para uma disputa mais truculenta, esse não é o nosso perfil", iniciou.

"Nosso perfil sempre foi de composição, e o histórico do Álvaro comprova isso. Mesmo quando houve conflitos entre a prefeitura e o ex-presidente da Câmara, Gabriel, o Álvaro atuou para azeitar essa relação, permitindo que os interesses da cidade avançassem. Por isso, temos uma tranquilidade muito grande”, destacou.



APOIOS PARTIDÁRIOS

A chapa de Fuad Noman e Álvaro Damião amealhou apoios partidários desde o primeiro turno da eleição e terminou o segundo com dezenas de legendas contra uma autocentrada candidatura do deputado estadual Bruno Engler (PL). Para Daltro, a acomodação dos partidos que apoiaram a candidatura vencedora em 2024 acontecerá de forma natural dentro da estrutura do Executivo.



“Sem dúvida, o que a gente vê no nosso modelo democrático – no Brasil – é o governo de coalizão. Então, naturalmente, quem ajuda a eleger, ajuda a governar. Esse é o encaminhamento que a gente tem. Foi uma campanha muito dura, uma campanha bélica, de certo ponto de vista, até por conta desse 'canhão comunicacional' que os nossos adversários tinham. E, quando eu digo 'adversário', não é 'inimigo – é bom que isso fique muito claro –, porque a gente também tem essa leitura em relação às disputas eleitorais. É natural que os partidos que compam esse projeto vitorioso de eleição do Fuad e do Álvaro façam parte da gestão, sim”, disse.



BANCADA DE PARTIDOS RIVAIS NAS ELEIÇÕES

Do outro lado, o PL de Bruno Engler elegeu a maior bancada partidária da Câmara, com seis vereadores. Além da relevância numérica, o partido conseguiu, com Uner Augusto, a presidência da Comissão de Legislação e Justiça, por onde a a maioria dos projetos que tramitam na Casa antes de ir a votação em plenário. Daltro afirma que as tratativas com a legenda já começaram e que a oposição inicial ao Executivo não significará uma ausência de conversas com os parlamentares.



“O diálogo foi iniciado. Já estivemos aqui com a bancada do PL e temos conversado bastante, até porque o presidente da principal comissão da Câmara Municipal é do PL, então precisamos tratar de alguns assuntos pertinentes à comissão dele. O diálogo tem sido o melhor possível. Nos reunimos com os seis parlamentares e, naturalmente, eles manifestaram, a princípio, um posicionamento de oposição", explicou. 

"O que deixamos claro para eles foi o seguinte: A oposição crítica é sempre muito bem-vinda. O que não podemos itir é uma oposição pela oposição, uma posição intransigente, que, na verdade, deixa de ser uma oposição à prefeitura e a a ser uma oposição à cidade. Inclusive, há pautas dentro do nosso espectro de centro – que define nossa política –, que também são caras ao entendimento da bancada do PL. Por isso, há sintonia em alguns momentos. O Executivo precisa estar aberto a essa construção”, concluiu.



MUDANÇAS NO SECRETARIADO

A PBH tocou em marcha lenta os primeiros quatro meses do ano em relação à composição do governo. Com a hospitalização de Fuad, as decisões sobre cargos ficaram suspensas. Em todas as suas declarações, Damião reitera seu compromisso em seguir os os combinados com o pessedista, o que Daltro também confirma ao dizer que alterações no secretariado serão pontuais e com o objetivo de manter o plano de governo.



“Essas composições do primeiro escalão estão sendo encaminhadas. Temos tomado essas decisões, mas, de fato, a decisão final cabe ao Álvaro. Temos dialogado bastante sobre esse assunto, sempre com o foco no cumprimento do plano de governo. O que norteia nossas ações aqui na Secretaria de Governo, assim como no Executivo é o plano de governo que apresentamos à população, que sensibilizou os eleitores e garantiu a reeleição do prefeito Fuad, tendo Álvaro como vice. 

Essa é a visão que temos em relação à proposta de governo, e o primeiro escalão precisa estar alinhado com isso. As mudanças que estamos fazendo agora são pontuais, o que é natural. O Fuad tinha pessoas de sua extrema confiança, e o Álvaro também tem seu próprio grupo. Por isso, algumas mudanças estão sendo realizadas para que a gestão seja conduzida da maneira que Álvaro acredita ser a melhor. É isso que temos para o momento”, declarou.



Como exemplo do foco que Damião pretende dar aos rumos da nova istração, Daltro ressalta a conexão da campanha com os eleitores de vilas e favelas da capital mineira. Segundo o secretário de Governo, esse foi um diferencial para vencer o segundo turno.



“Nesse sentido, é importante ressaltar a conexão que tivemos com vilas e favelas durante o período eleitoral. Costumo dizer — e até mencionei isso ao pessoal do PL — que eles têm um canhão comunicacional muito forte. A atuação deles nas redes sociais é louvável, e aprendemos com isso também. Percebemos a força que as redes sociais têm. No entanto, tivemos uma conexão verdadeira com as vilas e favelas porque Álvaro é uma pessoa que veio desse contexto. Ele sabe, por experiência própria, o que é enfrentar dificuldades. Quando havia enchentes em Belo Horizonte, a casa dele também era afetada."

"Agora, como prefeito, com as ferramentas que a Prefeitura de Belo Horizonte dispõe, ele vai buscar soluções para esses problemas. Aqui, realizamos pesquisas internas que nos indicam os caminhos para direcionar as políticas públicas. A população de Belo Horizonte pode esperar um compromisso sério com os principais problemas da cidade, como as enchentes, o transporte público e os moradores em situação de rua. Teremos uma abordagem concreta para que esses desafios sejam enfrentados. Se não puderem ser resolvidos em sua totalidade, pelo menos, ao longo desses quatro anos, queremos que a população reconheça: 'O prefeito Álvaro Damião abordou esses problemas e conquistou soluções'", complementou.




RELAÇÃO COM ZEMA E ARO

Com um início de mandato marcado pelas rusgas com Juliano Lopes e, consequentemente, com a chamada ‘Família Aro’, grupo de influência do secretário de Governo de Zema, a PBH trabalha para colocar panos quentes na relação tanto com o Legislativo Municipal como com o governo estadual.



“Tive uma conversa longa com o presidente da Câmara, Juliano Lopes, a respeito de todo esse cenário – da forma como foi conduzida a eleição da presidência e, naturalmente, das cicatrizes que ficaram. Disse a ele que é natural que, em determinados momentos, as grandes figuras políticas – os chamados 'caciques' – se acotovelem, pois, na política, não existe espaço vazio. É normal que, pontualmente, essas disputas ocorram.'

'No entanto, ado esse momento, como articulador político – que é como me considero –, acredito que minha principal missão seja a busca pelo consenso. Por isso, já abrimos esse diálogo com o presidente da Câmara, Juliano Lopes, e seguiremos conversando. Não há, por parte do Álvaro, qualquer resistência em estabelecer pontes de diálogo”, afirmou.

Sobre Marcelo Aro, Daltro afirma que há dentro da prefeitura atual uma iração pelo trabalho desenvolvido pelo articulador das relações de Zema e destaca que ainda aguarda por uma reunião com a alta cúpula do governo estadual.

“Com relação ao secretário de Governo, temos grande respeito por ele, principalmente pelo trabalho que desenvolveu na construção política. Ele é alguém que sabe montar partidos, eleger vereadores e conhece profundamente o processo eleitoral. É natural que, em determinado momento, tenha havido essa disputa com o Álvaro. [...] Estamos aguardando uma conversa mais aprofundada com o governador Romeu Zema (Novo), o vice-governador Mateus Simões (Novo) e o secretário de Governo, Marcelo Aro, para discutirmos os problemas em comum e identificarmos como cada esfera de governo pode contribuir para as soluções”, concluiu.




RELAÇÃO COM O GOVERNO FEDERAL

Fuad apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha de 2022 e, com a eleição do petista, aproximou a relação entre BH e o governo federal. Parte dos legados que o pessedista deixa pra Damião está relacionada a negociações feitas diretamente com o Planalto, como a municipalização do Anel Rodoviário. Para Guilherme Daltro, o alinhamento com Brasília é fundamental para grandes metrópoles e seguirá como prioridade na capital mineira.

“ O que eu acredito que deveria ser feito no Brasil – e, obviamente, isso não depende apenas da nossa vontade – é a revisão do pacto federativo. Hoje, a maior parte dos impostos arrecadados fica com a União. Assim, uma cidade como Belo Horizonte, com as necessidades de uma grande metrópole e sendo a terceira maior capital do país, precisa estar alinhada com o governo federal para que obras de grande porte sejam executadas na cidade."

"Ontem, por exemplo, estive com o ministro do Turismo, Celso Sabino. Qual será a nossa abordagem nesta gestão do Álvaro Damião? Vamos buscar uma maior sintonia com Brasília, independentemente de coloração partidária. Como mencionei, o pacto federativo atual destina apenas 18% ou 19% da arrecadação de impostos para os municípios, enquanto o restante fica concentrado na União e nos estados”, afirmou.

Daltro defende que, para conseguir recursos para obras estruturantes não é possível que as cidades operem apenas com o orçamento municipal. Neste cenário, ele defende a relação mais próxima o possível com o governo estadual e o federal.

“Vamos buscar essas parcerias, pois entendemos que qualquer governo, independentemente do partido, deve atender às demandas dos municípios. Além disso, queremos promover uma mudança de paradigma. Belo Horizonte, por ser uma cidade superavitária e com um nível de endividamento muito baixo, criou a cultura de que consegue resolver seus problemas sozinha. No entanto, não enxergamos dessa forma. Acreditamos que Belo Horizonte precisa realizar obras estruturantes", diz.

"Quando falamos sobre o Anel Rodoviário, por exemplo, a municipalização visa garantir uma resposta mais ágil sempre que houver algum problema. Essa é a razão pela qual defendemos essa mudança. Já a construção dos viadutos planejados para a cidade ocorrerá por meio de parcerias com o governo federal. Essa sintonia com a União é essencial, assim como o alinhamento com o governo estadual”. projeta.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia 

e sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os os para a recuperação de senha:

Faça a sua

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay