Marina Melo cria ponte com Minas no disco "Ousar abrir"
A cantora e compositora paulista convidou a mineira Luiza Brina para a produção musical de seu terceiro álbum, recém-lançado pelo selo Dobra Discos
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Siga no“Ousar abrir”, o terceiro álbum da cantora e compositora paulista Marina Melo – que anteriormente lançou “Soft apocalipse” (2016) e “Estamos aqui” (2019) – conta com produção musical da mineira Luiza Brina e as participações de Ná Ozzetti, Otto, Filarmônica de Pasárgada, Maurício Pereira, Barbarelli e Lio Soares como convidados.
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O disco é composto de nove faixas e já está disponível nas plataformas digitais, pelo selo Dobra Discos. Marina conta que compôs todas as músicas do álbum, sendo duas em parceria – com a escritora pernambucana Ezter Liu, em “Anáguas”, e com Lau e Eu (nome artístico do cantor e compositor aracajuano Lauckson), em “Menina”.
“Fiz essas músicas em uma residência artística em São Paulo, em um local chamado Casa Líquida, no qual fiquei três meses, entre 2023 e 2024, compondo as músicas do disco. Então, todas as canções foram feitas para gerarem um conjunto”, conta ela.
“Portanto, antes mesmo de fazer a produção desse disco, já tinha a ordem das músicas, já sabia qual seria o Lado e o B e qual era o tema de cada um deles”, comenta a cantora.
“Foi uma coisa recente, feita para o disco. As letras do Lado A falam da agem do tempo, de uma perspectiva bastante íntima, como uma menina que vai se tornando uma mulher, como as fases da vida que têm recomeços, despedidas, inaugurações, relacionando isso com o meu próprio momento artístico. Ele também tem uma intimidade no trato das questões amorosas”, diz.
O Lado B, por sua vez, olha para as questões coletivas. “Como a crise climática, para o relacionamento que temos com as redes sociais, com todas as questões que isso traz e também para a especulação imobiliária nas grandes cidades”, cita.
“Olha também para a utopia, como se as nossas cidades pudessem garantir mais dignidade para quem vive nelas. Ele também fala do tempo, porque fala de perspectivas do futuro, sejam distópicas ou utópicas e também quem se relaciona com o tempo”, acrescenta.
Sons inventados
Ela define o processo de feitura do disco como singular. “Isso porque usamos sons fabricados, criados pelo Lucas Ferrari que é sound designer. Todos os sons do disco, com exceção de voz e violão, foram fabricados, inventados. Foi um processo novo para nós, uma aventura muito legal de percorrermos juntos e agora estamos descobrindo e criando a materialização desse show no palco. No momento, estamos nessa fase.”
A artista comenta que nem bem lançou o álbum, já está pensando em outras coisas. “É engraçado, porque enquanto estava no turbilhão do disco, terminando, finalizando, não tinha o menor espaço para compor, porque estava tomada pela finalização, pelo acabamento e todos os detalhes que envolvem acabar um álbum”, relembra.
“Porém, no dia seguinte em que o álbum foi lançado, já estava observando cenas da cidade, anotando no meu caderno e começando a escrever”, diz. “Já estou pensando em várias outras coisas.” Ela, no entanto, julga “precipitado dizer como será o próximo álbum”.
Para compor, Marina conta que observa as cenas ao seu redor. Diz que, normalmente, os temas das canções se apresentam pela sua observação do mundo. “Essas canções mais recentes vieram quando estava andando pelas ruas, vi coisas e falei: isso dá pano para canção. Daí, costumo fazer a letra e depois busco o revestimento melódico e harmônico. Porém pode ser de outra forma também, especialmente, quando componho com parceiros, mas costuma vir primeiro o assunto, depois a letra e em seguida a melodia.”
Ela comenta que tem o hábito de nos shows “abrir um momento para que a plateia fale algumas palavras” e, em seguida, ela cria uma música ali na hora, junto com o público. “Na verdade, não é que precise de uma letra para entrar em estado de composição”, afirma.
Quanto ao convite feito a Luiza Brina, Marina conta que as duas fazem parte do mesmo selo. “iro muito o trabalho dela e, quando terminei de compor as canções do disco, comecei a pensar em qual seria a roupagem sonora para dar continuidade ao trabalho.”
Marina acredita que a artista mineira tem um conhecimento e um repertório que poderiam fazer com que as canções alcançassem um novo lugar, para além da voz e do violão. “Sabia que ela traria camadas sonoras para as canções, fato que eu sozinha não conseguiria. Foi pensando em trazer mais camadas sonoras e arranjos que contribuíssem para contar a história da canção que chamei a Luiza Brina.”